Continuando nossa série de postagens sobre os vários aspectos do treinamento, a nossa Fisioterapeuta parceira do Blog - Bruna Loshi, escreveu um texto muito interessante falando da importância da recuperação no treinamento e como uma boa recuperação favorece a melhora do desempenho. O texto descreve muito bem a famosa frase que nós treinadores gostamos de usar: Descanso também é treino! Vale a pena a leitura.
Muitos
corredores acreditam que a evolução só vem com treinos fortes e contínuos.
Frases motivacionais como: “A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou
uma hora, ou um dia, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o
seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.” – Lance Armstrong ,
que claro, tem sim todo o seu lado positivo , mas também expressam
exatamente as sensações que a corrida
proporciona, como um estado mental tão exacerbado de força e concentração que possibilita o
esquecimento dos problemas e estresse do dia-a-dia, criando assim a sensação de
que se você não treinar forte hoje, será uma fraco e estará dando um passo para
trás.
A recuperação
pode ser considerada um passo para trás? Se preferir pensar assim, tudo bem,
mas tente interpretar a partir de outra
frase motivacional “ Andar pra trás...só se for pra pegar impulso! “ – Abel
Bonnard, e dos princípios da Supercompensação no treinamento, ai sim, a
recuperação pode ser considerada um passo para trás, mas positivo!

Da mesma maneira, se esse
tempo de recuperação for respeitado, o organismo não só recupera o que foi
gasto, mas o supercompensa acumulando uma energia maior, uma adaptação a cima dos níveis basais, o que
permite um gasto maior no próximo treino,
proporcionando assim a melhora do
desempenho. Ai é que esta o sentido da frase “Andar pra trás...só se for
pra pegar impulso! “.
A fase
recuperativa ( 24h, 48h, 72h ou mais, dependendo do caso), pode ser realizada
com Recuperação Passiva, o chamado “day off” , dia sem prática de qualquer atividade física; Recuperação
Ativa, um trabalho contínuo aeróbio e de baixa intensidade; e com Técnicas Fisioterapeuticas que aceleram
esse tempo de recuperação e também amenizam ou eliminam os sintomas como
musculatura tensa, pernas pesadas, sensação de estar “travado”, dores e etc.
Confira abaixo algumas opções de técnicas recuperativas:
·
Recuperação Ativa: considerada um trabalho
contínuo aeróbio e de baixa intensidade. Estudos apontam como intensidade ótima de esforço o intervalo
entre 20 e 50% do VO2máx. Pode
ser realizada em forma de trote, uma das técnicas mais simples e acessíveis; Trote
dentro d’agua; ou como melhores opções, por serem atividades com biomecânica diferente,
a natação e a “pedalada”, ciclismo.
·
Crioterapia – Utilizada tanto na forma de massagem com gelo
de 6-15minutos, dependendo da musculatura em que for realizada ou como a
Imersão dos membros inferiores até o quadril do corredor em um tambor ou
banheira com gelo e água. A temperatura deve ficar de 5- 10º C e o tempo
imersão entre 5 e 15 minutos, conforme a tolerância do corredor.
·
Massagem esportiva - Específica para a recuperação de
atletas, possui efeito de drenagem (assim como a linfática, que também é
benéfica para a regeneração), além de ser eficiente para a liberação dos pontos
de tensão nos músculos.
·
Bota pneumática - Trata-se de uma bota pneumática, disponível
em clínicas de fisioterapia. Ela envolve os membros inferiores, dos pés até as
coxas do corredor, que fica na posição horizontal, com as pernas elevadas. Ao
se encher de ar, a bota provoca um efeito de compressão. "Essa compressão
é feita de baixo para cima, começando pelos pés e subindo em direção à coxa.
Dessa forma ajuda o sistema muscular e venoso a drenar os resíduos metabólicos
tóxicos que ficam no organismo após o exercício.
O sucesso dos processos de melhora do
desempenho e prevenção de lesões depende da qualidade da transição entre os
estímulos do treinamento físico, além da sistematização da prescrição do exercício.
Nesse sentido, uma adequada recuperação torna-se um aspecto importante de todo
programa de condicionamento. Previna-se!
Fonte: ARTIGO DE
REVISÃO. Métodos de recuperação pós-exercício: uma revisão sistemática.
Rev Bras
Med Esporte vol.15 no.2 Niterói Mar./Apr. 2009