segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Vamos falar de treinamento: Recupere-se para obter um melhor desempenho!

Continuando nossa série de postagens sobre os vários aspectos do treinamento, a nossa Fisioterapeuta parceira do Blog - Bruna Loshi, escreveu um texto muito interessante falando da importância da recuperação no treinamento e como uma boa recuperação favorece a melhora do desempenho. O texto descreve muito bem a famosa frase que nós treinadores gostamos de usar: Descanso também é treino! Vale a pena a leitura.

Muitos corredores acreditam que a evolução só vem com treinos fortes e contínuos. Frases motivacionais como: “A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.” – Lance Armstrong , que claro, tem sim todo o seu lado positivo , mas também expressam exatamente  as sensações que a corrida proporciona, como um estado mental tão exacerbado  de força e concentração que possibilita o esquecimento dos problemas e estresse do dia-a-dia, criando assim a sensação de que se você não treinar forte hoje, será uma fraco e estará dando um passo para trás.
A recuperação pode ser considerada um passo para trás? Se preferir pensar assim, tudo bem, mas tente interpretar  a partir de outra frase motivacional “ Andar pra trás...só se for pra pegar impulso! “ – Abel Bonnard, e dos princípios da Supercompensação no treinamento, ai sim, a recuperação pode ser considerada um passo para trás, mas positivo! 

Após um treino desgastante ou uma prova longa, o organismo do corredor sofre um estresse generalizado com sobrecarga estrutural e metabólica. Se o tempo necessário para que o organismo faça a restauração dos substratos utilizados durante o esforço e recupere toda sua energia não for respeitado, ou seja, se o próximo treino for realizado antes que o organismo se mantenha em um estado ótimo para a realização da prática atlética, o desempenho diminuirá e os riscos de lesão aumentarão.

Da mesma maneira, se esse tempo de recuperação for respeitado, o organismo não só recupera o que foi gasto, mas o supercompensa acumulando uma energia maior,  uma adaptação a cima dos níveis basais, o que permite um gasto maior no próximo treino,  proporcionando assim  a melhora do desempenho. Ai é que esta o sentido da frase “Andar pra trás...só se for pra pegar impulso! “.
A fase recuperativa ( 24h, 48h, 72h ou mais, dependendo do caso), pode ser realizada com Recuperação Passiva, o chamado “day off” , dia sem  prática de qualquer atividade física; Recuperação Ativa, um trabalho contínuo aeróbio e de baixa intensidade;  e com Técnicas Fisioterapeuticas que aceleram esse tempo de recuperação e também amenizam ou eliminam os sintomas como musculatura tensa, pernas pesadas, sensação de estar “travado”, dores e etc. Confira abaixo algumas opções de técnicas recuperativas:
·         Recuperação Ativa: considerada um trabalho contínuo aeróbio e de baixa intensidade. Estudos apontam como intensidade ótima de esforço o intervalo entre 20 e 50% do VO2máx. Pode ser realizada em forma de trote, uma das técnicas mais simples e acessíveis; Trote dentro d’agua; ou como melhores opções, por serem atividades com biomecânica diferente, a natação e a “pedalada”, ciclismo.
·         Crioterapia – Utilizada tanto na forma de massagem com gelo de 6-15minutos, dependendo da musculatura em que for realizada ou como a Imersão dos membros inferiores até o quadril do corredor em um tambor ou banheira com gelo e água. A temperatura deve ficar de 5- 10º C e o tempo imersão entre 5 e 15 minutos, conforme a tolerância do corredor. 
·         Massagem esportiva - Específica para a recuperação de atletas, possui efeito de drenagem (assim como a linfática, que também é benéfica para a regeneração), além de ser eficiente para a liberação dos pontos de tensão nos músculos.
·         Bota pneumática - Trata-se de uma bota pneumática, disponível em clínicas de fisioterapia. Ela envolve os membros inferiores, dos pés até as coxas do corredor, que fica na posição horizontal, com as pernas elevadas. Ao se encher de ar, a bota provoca um efeito de compressão. "Essa compressão é feita de baixo para cima, começando pelos pés e subindo em direção à coxa. Dessa forma ajuda o sistema muscular e venoso a drenar os resíduos metabólicos tóxicos que ficam no organismo após o exercício.
O sucesso dos processos de melhora do desempenho e prevenção de lesões depende da qualidade da transição entre os estímulos do treinamento físico, além da sistematização da prescrição do exercício. Nesse sentido, uma adequada recuperação torna-se um aspecto importante de todo programa de condicionamento. Previna-se!

Fonte:  ARTIGO DE REVISÃO. Métodos de recuperação pós-exercício: uma revisão sistemática.
Rev Bras Med Esporte vol.15 no.2 Niterói Mar./Apr. 2009