segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ultra da Cuesta Brasil Ride - Pra fechar o Ano!

Mais um ano que chega ao fim. E a última prova do ano foi incrível.

Sábado eu e grande parte dos alunos do Running Club participamos da Ultra da Cuesta, em Botucatu. Prova que atendia muito bem todos os níveis de condicionamento, com distâncias de 5km, 16km, 70km e 70km em dupla (38km + 32km). Me inscrevi para os 70km em dupla, com a minha querida aluna Mari.



Decidimos que ela largaria, pois a primeira perna da prova era mais plana, e como ela está treinando para uma maratona de rua e bem plana, encaixava mais no planejamento de treino dela. E eu fiquei com a parte com mais altimetria da prova. Quando partimos para largada, pelo release da organização, a primeira perna teria 36km, e a segunda 32km, sendo que a prova totalizaria 68km. A largada da Mari foi as 5h30, o ponto de troca onde eu largaria era longe da largada dela, então resolvemos ir direto para o ponto de troca. O ponto de troca do revezamento era o lugar mais lindo da prova. Com vista para as Três Pedras, cartão postal de Botucatu, de encher os olhos. Eu, Vania e Stefan fomos direto para o ponto de troca (não esquecendo dos nossos Staffs: Gabriel, Paulo e Samantha rsrs). Vania fazia dupla com o Jimi, e o Stefan fazia dupla com o Diego. Sabíamos que o Diego seria o primeiro a chegar, só não imaginávamos que ele iria entregar em segundo lugar para o Stefan. Quando ele chegou, com 3h30 de prova, vimos que não tinham 36km, mas sim 38km e comecei a ficar apreensiva, pois seria a maior distância da Mari na vida, e comecei a achar que a primeira perna pudesse estar mais difícil que a segunda e começou a rolar um remorso de ter deixado ela largar. Ela chegou com 5h30 de prova, e para a minha tranquilidade, ela estava mais confiante do que nunca.



Eu estava me sentindo bem, depois de vários perrengues e erros no ano, finalmente eu estava largando bem para uma prova. Com os treinos alinhados, com bastante comida e suplementação na mochila, me sentindo bem forte, sem gripe e nada que pudesse me atrapalhar. A minha largada começava com uma descida bem técnica, muito escorregadia e foi assim por uns 2kms. Foram vários trechos em pasto, bastante estradão e duas subidas bem fortes. Tinha terreno para todos os gostos, e é aquele tipo de prova que tem bastante subida, mas que dá pra correr bem e de fácil progressão. A única parte que não gostamos (eu e meus alunos), foi a parte de correr no trilho do trem, a biomecânica da passada fica totalmente alterada, pois se você não pisar nas madeiras do trilho e tentar fazer a passada natural a chance de tropeçar é gigante. Tirando esse trecho, achei a prova linda, muito bem organizada, marcação impecável. Fechei meu trecho com 5h10 de prova, cansada, mas bem inteira, e muito feliz por ter corrido bem, sem nenhum perrengue, sem nenhum dor.



A organização da prova está de parabéns. A única ressalva vai para os staffs do ponto de troca. Os atletas que correram o solo ou em dupla deixaram suas coisas no guarda-volumes na largada e foram transportadas para o ponto de troca. Mas eles simplesmente não organizaram nada, jogaram lá e deixaram. Quando os atletas vinham chegando, tinham que sair caçando os sacos com o seu número (isso para quem está na disputa para ganhar a prova atrasa bem). E foi então que os próprios atletas que estavam ali resolveram organizar, e a organização da prova nem ai. Fica a dica para a próxima edição, esses detalhes fazem sim diferença.

E pra fechar com chave de ouro eu e a Mari ficamos em primeiro lugar na categoria (soma das idades até 80 anos). Tem como terminar melhor o ano?

Parabéns especial para todos os alunos do Running Cub, que fizeram uma festa linda, correram muito e marcaram presença no pódio.

Diego e Stefan: 3º Lugar Categoria Dupla Masculina
Sabinne: 1º Lugar Categoria 70km Solo Categoria até 29 anos
Ingrid: 3º Lugar Categoria 16km Categoria até 29 anos



Todos vocês independente de resultado me enchem de orgulho e me fazem querer ser cada dia uma treinadora melhor. 



Obrigada por tudo sempre. 

Que venha 2016!!!

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

No que você pensa quando corre?

Eu penso tanta coisa...



Hoje foi um dia atípico, o dia não começou bem, estava chateada. Não pensei duas vezes e fui correr, colocar a cabeça e as ideias em ordem. Chorei sozinha, pensei, engoli o choro, respirei fundo, e depois de 9km de muita subida estava nova e limpa de qualquer sentimento ruim. Ainda bem que a corrida faz isso por mim, senão provavelmente eu ia passar o dia remoendo esse sentimento que estava me fazendo mal. Ps: não deixe que o mau humor de alguém estrague o seu dia, foi o que eu pensei o tempo todo correndo.

Ontem o treino foi na esteira, que eu não gosto muito, e quando vi já estava viajando na maionese, e organizando toda semana, se não dirá o mês em cinquenta minutos. Namaria na tevê, Off na outra e já me pego imaginando que eu gostaria muito de estar dentro de um daqueles programas escalando uma montanha lá no fim do mundo. E quando eu vejo já acabou o treino e nem foi tão sofrido assim ficar na esteira.

Quando estou correndo, são os momentos que tenho minhas melhores idéias, meus melhores pensamentos, me organizo, me reinvento, me cobro, sonho acordada, canto, me liberto. É o meu momento. Quando estou na rua ou na trilha, rápido ou devagar é que consigo achar as melhores soluções para os meus problemas. Consigo entrar em sintonia comigo mesma. Consigo entrar em sintonia com Deus. Acho que correndo tenho os melhores bate-papos com Ele.

Toca a música mais agitada da play list, corro como se não houvesse amanhã, entro na balada, danço como nunca, e de repente entra Maria Rita cantando um samba maroto e eu volto ao ritmo. Neste meio tempo já fiz uma lista de coisas a fazer, compras, trabalhos para entregar.

Quando já bate meia hora de treino, e a endorfina começa a fazer seu maravilhoso efeito, vêm as idéias, os projetos, que dá vontade de parar e anotar tudo para não perder tanta ideia boa. A corrida age na minha vida não só como treino, age também como terapia. 

A melhor terapia, nos dias bons e nos dias ruins. 

E você no que pensa quando corre?

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

KTR Campos do Jordão - Como foi??

KTR é sempre sinônimo de prova dura, casca grossa, altimetrias insanas e todos os adjetivos possíveis relacionados à provas difíceis. Confesso que para essa prova eu não dei a devida atenção que ela merecia. Não botei tanta fé que ela seria tão dura. Sei lá acho que olhei a altimetria e achei bonitinha e não prestei atenção no quanto subia os últimos 6kms... rs



Não botei fé e me lasquei. Mas fiz tudo errado. Comi mal o dia todo anterior à prova, fui dormir super tarde e o pouco que dormi eu dormi mal (meu colchão era tão ruim que parecia que eu estava dormindo no estrado rs). Acordei estragada, comi mal porque estava com o estômago ruim. E pra piorar não levei comida o suficiente para a prova. Sempre levo muita coisa, e sempre sobra mais da metade. Dessa vez levei 1 gel e 4 bananinhas. Que burra, dá zero pra mim. Esqueci de comprar batata pra fazer, azeitona pra levar e fui pra prova sem nada salgado. Estava fadado à dar alguma coisa errada.




Comecei com aquela sensação de não vai dar. No km 3 eu já queria desistir. E fui lutando com a minha cabeça. O lugar era lindo, e o visual ajudava a dar um Up no ânimo. Quando começou a descida, eu me empolguei. Desci forte, bem segura. Virei o pé depois de uns 3kms de descida e dei uma segurada. Quando faltava 1km pra terminar a descida as pernas e joelhos já sofriam com o impacto. Já estava ficando sofrido descer, e eu já torcia pra chegar logo na subida... Eu só não imaginava que a subida seria tão dura.


A prova era auto-suficiente, ou seja, não tinha pontos de abastecimento de água. Já estava avisado, então você tinha que se programar. Eu bebo muita água, ainda mais em um dia quente como estava. Larguei com a mochila cheia, quando eu cheguei no fim da descida, após 15km eu já não tinha mais nenhuma gota. Um senhor que estava regando as plantas do seu jardim gentilmente me ofereceu água e enchi novamente a mochila. Antes de começar a subida, onde tinha uma ambulância também tinha uma mangueira em uma casa que alguém também gentilmente disponibilizou. 



Neste ponto, encontrei o Guilherme, aluno do Running Club, que naquele momento, havia desistido da prova. Confesso que nessa hora pensei em desistir também. Tirei o tenis pra ver a bolha que formou no meu dedão. Pensei e resolvi continuar, insisti com o Gui e ele resolveu seguir comigo. Ter alguém conhecido por perto reanimou as energias... por pouco tempo... rsrs



Começamos a subir, e 1km depois eu comecei a me sentir mal. Escureceu tudo e começou a me dar enjoo. O sol estava muito forte e o calor estava pegando. Sentei e várias pessoas se prontificaram em me ajudar. A Tomiko me deu um omeoprazol e uma club social. Tomei o omeoprazol e não consegui comer a bolacha por conta do enjoo. Guardei pra depois. Continuei subindo, mas a cada 10 passos minha frequência cardíaca subia muito, me dava ânsia e suava frio. Parava sentava e assim fui indo no passo da lesma. Foi um 1km nesse passo de lesma, o GPS marcava 17km, ainda faltavam 4km, eu não sabia o que fazer porque naquele estado eu não sei até onde chegaria. Foi quando a Ju Salviano passou por mim. Me viu sentando e perguntou se estava tudo bem. Expliquei o que estava sentindo e ela me deu um saquinho com azeitonas. NUNCA uma azeitona caiu tão bem na minha vida inteira. Sério, a azeitona entrou e a energia voltou. Vou agradecer eternamente à Ju por aquelas azeitonas. O meu mal planejamento para a prova cobrava a conta. Daí por diante consegui subir bem, comi a bolacha da Tomiko mais adiante. Agora era só subir até a chegada. Quando bateu 18km minha água acabou. Juro que me deu vontade de chorar. Meia hora depois a água do Gui também acabou. E de quase todas as pessoas pelo caminho. Acabou a água de muita gente. Um ou outro que tinha e se prontificava. Mas nunca passei tanta sede na vida. Faltavam só 3km, mas eram inacabáveis. Quando bateu 20km, olhei pra cima e vi um morro sem fim. Deu vontade de chorar.



Na chegada, todos os amigos e alunos fazendo a maior festa. Foi demais!! Aquelas coisas que valem à pena. Mas depois de tanto perrengue eu decidi que não quero mais fazer esse tipo de prova. Podem me chamar de coxinha, de fresca, do que quiserem, mas não quero ter que passar por esses perrengues de ficar sem água. É muito sofrimento desnecessário. Tem muita prova por ai, com mesmo nível de dificuldade ou até muito mais casca grossa que oferece boa estrutura para os atletas. Isso não é uma crítica à organização, afinal eles deixaram sempre isso muito bem claro. Só não quero mais passar por essas privações sem necessidade.



Por fim, para quem gosta de provas de alto nível técnico, descidas insanas, subidas inacabáveis e um visual único é uma prova e tanto. Como eles dizem, padrão KTR de dificuldade.


Parabéns à todos que concluíram mais esse desafio. E parabéns especial à todos os alunos Running Club que mandaram muito bem!! Vocês me enchem de orgulho.

Próxima prova agora só em Outubro, Bertioga - Maresias, pois a próxima parada agora são as FÉRIAS!!

#corraisacorra
#neverstoprunning


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Endurance Challenge Agulhas Negras - Como foi!!

Aconteceu neste fim de semana a prova mais esperada do ano para os amantes do Trail no Brasil. Um evento de nível internacional com todas as dificuldades e nível técnico que uma verdadeira prova de Endurance pede.



Foi nosso monoassunto no Running Club desde o começo do ano. Foi a prova alvo de quase todos os alunos. E também foi minha prova alvo. Treinei bastante, estava bem focada e nas duas semanas antes da prova estava me sentindo bem confiante que eu faria uma boa prova. Fiz bons treinos, fiz a KTR que me deu bastante confiança. Estávamos todos muito animados, pois essa seria a nossa prova.



Parece que toda vez que eu fico confiante alguma m* acontece. Quarta-feira, 4 dias antes da prova, uma gripe me derrubou. Me nocauteou na verdade. De quarta pra quinta passei a noite queimando de febre. Na sexta fui viajar ainda muito ruim, nariz tampado, tosse. E a minha confiança que faria uma boa prova foi pro ralo. Acordei no sábado um pouco melhor, mas não como eu gostaria de estar para largar para minha prova do ano. Pensei muito antes de largar. Optei por largar, e se eu percebesse que não daria conta ou que eu estaria prejudicando muito minha saúde eu abandonaria.



Largamos, eu e a Barbara. Minha aluna do Running Club que estava estreando na distância. Ela parece um tourinho, muito forte e com uma cabeça muito boa para quem tem apenas 22 aninhos. Quando largamos ela disse que iríamos juntas. Treinamos juntas e corremos no mesmo ritmo normalmente. Eu sabia das minhas condições, e não queria atrapalhar a prova dela, então eu disse que quando eu começasse a ficar mais lenta, queria que ela seguisse.



Até o corte eu estava bem, doía pra respirar, mas eu ainda consegui manter um bom ritmo, e fui puxando. Na subida mais pesada, nossa água acabou, e parecia que não chegava nunca o próximo Aid Station. Uma alma amiga que não me lembro o nome nos deu uma garrafa d'água que salvou a nossa vida. Sério, o cara foi um anjo, se por acaso você ler esse texto, nosso muito obrigada.



Chegamos ao ponto de corte com uma hora de folga. Ficamos ali por uns 10 minutos, pois a Barbara precisou fazer um curativo melhor no cotovelo, pois em um tombo no km 5 ela abriu feio. Dali em diante começou um estradão sem fim. Não é minha parte favorita, gosto mais de montanha, de subir e descer. Seguimos e nada do próximo Aid Station chegar (era pra ser no km 31), eu estava com a mochila abastecida, mas alguns alunos relataram que tiveram problemas de desidratação, pois contavam com aquele ponto de água que não existiu. E o próximo ponto de hidratação foi apenas no km 40. A marcação das distâncias nessa altura da prova estavam bem confusas. E confesso que isso deu uma abalada no meu psicológico. O não saber onde estou (meu garmin morreu no km 35 - eu sei preciso de um fenix urgente), começou a me deixar irritada.



Teve um momento em que a Ba começou a sentir muita dor na sola do pé. Eu sempre tenho Advil comigo, dessa vez eu não tinha. E mais uma vez uma alma caridosa ajudou. O querido Humberto nos deu o santo Advil que dá aquela aliviada nas dores que surgem no meio das provas. Mais uma vez muito obrigada.



Do km 40 em diante, a prova tornou-se sofrida. Qualquer subida já começava a me deixar sem fôlego, doía cada vez mais para respirar. E a impressão que eu tinha é que não ia acabar nunca. Passamos pelo último Aid Station e a Staff disse que faltavam apenas 4,5km... doce ilusão. Não sei exatamente quanto faltava, mas parecia que era interminável. A última subida me deu vontade de sentar e chorar.




E vou te dizer que se não fosse pela força da Barbara eu não sei se não teria pedido arrego. Ela com sua alegria e seu bom humor incrível foi me puxando km à km. Aguentou o meu mau humor, que a essa altura já tinha se misturado com a irritação da dor pra respirar e seguimos juntas até o final. Eu insistia pra que ela seguisse pois ela estava bem, mas ela me respondia feliz e contente: "Qual vai ser a graça de cruzar a linha de chegada sozinha?" (Muito amor, gente!!). E assim fomos, eu sofrendo e ela me puxando e cruzamos a linha de chegada de mãos dadas. E eu que nunca choro em chegadas, desabei. Chorei, porque foi sofrido, foi dolorido. Ba, muito obrigada por ser essa pessoa incrível e parabéns pela sua primeira ULTRA. Você sabe realmente qual o espírito da montanha e do endurance. E eu sou muito orgulhosa de ser sua treinadora.



A lição que eu tirei: nunca mais corro gripada. Por mais que seja o principal objetivo, por mais que tenha treinado bastante. Não vale a pena o sofrimento. Pois para mim antes de qualquer coisa, corrida tem que ser por prazer. Quando passa a ser sofrido, perde a essência.



Dois agradecimentos especias. Um para a minha fisioterapeuta Andrea da Fisionoesporte, com dois meses de fisioterapia preventiva, cheguei inteira, sem lesão, Qualquer início de dor foi resolvido. É sofrido, é dolorido, mas vale cada centavo investido. E agradecer minha nutricionista querida, Lívia Hasegawa que em dois meses de dieta, fez com que, mesmo eu com um volume alto de treinamento, ganhasse massa magra. Fiz uma dieta sem muitas restrições e fácil de seguir. Graças a vocês o meu treinamento com toda certeza teve muito mais qualidade.

Parabéns a toda a galera Running Club que deu show mais uma vez. Cada um na sua distância, mandaram muito bem e ainda tiveram energia para curtir o churrasco mais animado e sucesso de Visconde de Mauá. rsrs




Parabéns pra Mari, que nos representou muito bem nos 21km e foi 3ª colocada na categoria 18 à 40 anos. Deu show!!


Parabéns especial para minhas eternas alunas de Prudente, que toparam o desafio e mandaram muito bem na montanha. Orgulho!



Quanto aos erros que tiveram na prova e foi o mimimi eterno da semana. Como todo evento que acontece em sua primeira edição, erros acontecem. E pra quem ta falando que a organização demorou pra se desculpar, não deve ter ido na cerimônia de premiação, pois o Tourinho subiu lá e se desculpou sim pelos erros. Quanto ao polêmico corte dos 80km e dos 50km, tem uma galera reclamando horrores, porém não passaria pelo corte nem que se a distância estivesse marcada à risca. E é claro que não estou generalizando, teve gente que tinha porque e razão pra reclamar. Mas gente, vida que segue, vai adiantar ficar berrando o resto da vida por isso? E mais uma vez: CORRIDA DE MONTANHA NÃO É TREKKING. Ponto.

Endurance Challenge Agulhas Negras - Minha segunda ultramaratona - 54km - 9h43 - Done!!

Never Stop Running!

terça-feira, 28 de abril de 2015

KTR 2015 - O Retorno!

Se tem uma coisa nessa vida que mais me motiva são desafios. E na corrida não é diferente. Ano passado quando participei da KTR (relato aqui), e desisti na metade da prova, eu fiquei com aquele fantasminha ali bufando na milha orelha: você precisa ir lá e fazer a prova completa. Eu já sabia o que eu iria enfrentar montanha acima, e desta vez fui bem mais preparada, tanto psicologicamente, quanto com comida/material.

Tem como não se apaixonar pela beleza desse lugar?


A KTR é uma verdadeira CORRIDA DE MONTANHA. Com altimetria respeitável (26km com 2700+), é uma prova com uma progressão muito lenta, em que muitos momentos, nós amadores não conseguimos desenvolver corrida. Tanto as subidas, quanto as descidas são extremamente truncadas, com subidas em cordas e descidas onde é praticamente impossível correr e o melhor jeito é descer de ski-bunda. Vi muita gente durante a prova reclamando que não conseguia correr, que era muito difícil, mas como eu disse é Corrida de Montanha, uma das poucas que temos no Brasil e é diferente de Trail Run onde você corre por trilhas e estradões mas que você consegue correr de verdade (mas isso é assunto para o próximo post =]).

Vamos à prova. Este ano a retirada de kit foi na sexta e junto houve um congresso técnico, onde explicaram tudo sobre a prova, altimetria, dificuldades, equipamentos obrigatórios. Ali também fizeram a checagem dos itens obrigatórios, o que eu achei bem interessante, pois fazendo isso eles mostraram a preocupação com a segurança dos atletas na prova.

A logística para chegar até o local da largada foi a mesma do ano passado, deixávamos o carro no campo de futebol e seguíamos até lá com as vans da organização. Como eu não queria chegar em cima como no ano passado, cheguei lá às sete e correu tudo bem. Mas ouvi relatos de uma galera que foi transportada na caçamba de caminhões (oi gente? cadê a segurança?).

Pré-prova acertando os últimos detalhes rs


Galera do Running Club em peso, e antes da largada, eu, Barbara, Gu e Will combinamos de fazer a prova juntos, for fun, sem pressa e curtir. E assim seguimos morro acima, muitas risadas, muitos tombos, pausas para piqueniques rsrs e a busca incansável pela onça. Olha, fazia bastante tempo que eu não me divertia tanto em uma prova. 

Time!


Will e eu, na crista da Serra Fina


Um elogio importante à organização: a marcação este ano estava impecável, impossível se perder. Foi um erro grave do ano passado que vocês corrigiram e mandaram muito bem. Parabéns.

No topo do Capim Amarelo

Na primeira descida, do Capim Amarelo a Barbara desceu bem e abriu um pouco de nós, fechamos, eu, o Gu e ou Wil, os primeiros 16km em 4h30.


Pausa para comer e reabastecer a mochila com água e partimos para os últimos 10km. Ali já nos avisaram que a subida para o Tijuco Preto seria bem dura. Uns 3km depois nos deparamos com uma fila, e encontramos novamente a Barbara, o Wil e o Fábio. Era uma subida com corda em uma pequena cachoeira. Neste momento, a prova de 8km cruzava com a prova de 26km. Ficamos ali 40' até conseguirmos passar... e teve de tudo, pedra rolando e atingindo a cabeça de uma atleta (graças a Deus não aconteceu nada de grave), depois que passamos teve enxame de abelha atacando a galera... coisas da natureza que estamos fadados à encontrar correndo este tipo de prova. O erro aí foi cruzar as duas provas, no regulamento falava que a prioridade era dos corredores de 26km, mas na prática não foi isso que aconteceu, e ficar ali 40min parada esperando para passar não foi nada agradável, desaquecemos, perdemos o ritmo, e p#*$#, são 40 longos minutos a mais no tempo final. #chatiada

Esperando na fila da corda 40'

Depois desse contra-tempo subimos a interminável subida até o topo do Tijuco Preto, onde uma neblina densa já tomava conta, e os primeiros sinais que a noite estava chegando começaram a aparecer. Mais uma descida na lama, mais uns tombos, lanterna na cabeça e os últimos 3km foram no escuro (já falei que tenho medo de escuro). Eu e a Barbara acabamos abrindo um pouco dos meninos na descida e fechamos a prova juntas em 8h25'49". 

Chegada, Valeu Ba!!


Confesso que foi uma sensação indescritível terminar essa prova. Finalmente missão cumprida. Finalmente KTR Finisher. Para quem gosta de desafios e provas casca grossa tem que correr a KTR.

Para finalizar, eu não poderia de deixar passar em branco uma reclamação de todos os atletas que estavam dependendo do transporte da organização. Após correr por toda essa piramba, todos estavam cansados, com frio e com fome (e isso não é drama), ficar ali na fila esperando mais de uma hora para conseguir descer para a cidade foi muita sacanagem. Sei que a logística é difícil, que acontecem imprevistos e tudo mais. Mas foi muito sofrido ficar ali, vi gente indo embora a pé pra cidade. Sei lá, sei que tem poucos lugares para estacionamento, mas é preciso encontrar uma solução, para que problemas como esse não estrague a incrível experiência que é correr esta prova.

Parabéns especial para todos os alunos The North Face Running Club que enfrentaram mais esse desafio! Vocês são demais!!

Próxima parada... Endurance Challenge Agulhas Negras!



terça-feira, 14 de abril de 2015

Vamos falar de treinamento - Evolução!

Nas últimas semanas muito se falou sobre os tempos limites das provas do Endurance Challenge que acontecerá em maio. Umas das principais discussões foi sobre o tempo limite para a prova de 80km que é de 15 horas. Vários pontos foram abordados, pois a altimetria é puxada (3.800+), que o pace para os 80k é menor que o pace dos 50k, e por ai desenrolou. Concordo que todos têm direito de discordar ou concordar. Porém, o regulamento é muito claro, e desde o princípio eram 15 horas. E se você achar que não dá pra concluir, não se inscreva. Simples.

Bem, não é tão simples, e eu expliquei tudo isso para chegar à um ponto: como deve ser feita a evolução das distâncias na sua vida de corredor. Claro que não existe uma regra, uma matemática perfeita, mas se existe uma coisa nessa vida que eu acho que os corredores precisam ter mais é bom senso.

Tanto na corrida de rua, quanto na corrida de montanha, os corredores estão pulando etapas. Eu sei que correr vicia, que as adaptações aeróbias são rápidas, que o seu condicionamento melhorou e você acha que já consegue correr uma prova de 50km sem nunca nem ter corrido 21km. Eu sei que muita gente pensa assim, e nessas horas que muitos acabam enfiando os pés pelas mãos.



Mas vamos lá, ninguém anda sem antes engatinhar. Existe uma sequência lógica, uma evolução nas distâncias que precisam (ou pelo menos deveriam) ser gradativas. Primeiro você começa a caminhar, depois começa intercalar pequenos trotes com caminhadas, depois já consegue correr 3km sem parar e assim por diante. Só que o que eu tenho visto muito são as pessoas fazendo provas de 5km (rua) em 50' e já se inscrevendo em provas de 10km. Mas espera lá, não seria melhor você correr 5km bem, sem sofrer em um tempo melhor e depooooois se inscrever em uma prova de 10km? Seria lindo, maravilhoso, e todo treinador teria muitoooo menos dores de cabeça se fosse assim. Mas o que acontece é ao contrário, já vi gente que começou a correr tem menos de um ano, e já está se inscrevendo pra maratona. Oi? Pra que amigo? Correr 42km se arrastando, sofrendo... só pra falar que terminou uma maratona? Ai esses egos...

O que precisamos lembrar é, pelo menos eu, quero correr o resto da minha vida. Até ficar velhinha quero estar subindo montanha nesse mundão a fora. Temos todo o tempo do mundo para correr todas as provas que quisermos, então me diz pra que pular etapas e sair correndo que nem um louco e ai passar 6 meses do ano correndo e 6 meses do ano fazendo fisioterapia... Pois é o que vai acontecer se pular etapas...

Atualmente, trabalho mais com corredores de montanha, e com o crescimento desta modalidade mundo a fora, a cada dia surgem novas provas em lugares incríveis e com as mais variadas distâncias, de 10km à 168km. Porém, preciso pontuar um fato: é CORRIDA de montanha, não TREKKING - ambas são modalidades completamente diferentes. A ideia de CORRIDA DE MONTANHA não é andar durante toda a prova, a ideia é que ande quando for preciso naquelas subidas inacabáveis e que você tenha preparo suficiente para completar distâncias como 50km ou 80km conseguindo correr a maior parte da prova e dentro do tempo estipulado pela organização. E geralmente os tempos limites estipulados nestas provas não são aleatórios, são dentro das possibilidades de corredores mais lentos também. Porém existem várias questões que precisam ser respeitadas, como segurança e normas dos parques (no caso do Endurance Challenge, dentro do Parque Nacional do Itatiaia só pode ter visitação até as 17h).

São por estas e outras questões que sempre bato na mesma tecla. Suba um grau de cada vez, treine bem, não tenha pressa em aumentar distâncias, e muito provavelmente você terá uma vida longa na corrida com muitos desafios e conquistas pela frente.

Never Stop Running!