quinta-feira, 28 de maio de 2015

Endurance Challenge Agulhas Negras - Como foi!!

Aconteceu neste fim de semana a prova mais esperada do ano para os amantes do Trail no Brasil. Um evento de nível internacional com todas as dificuldades e nível técnico que uma verdadeira prova de Endurance pede.



Foi nosso monoassunto no Running Club desde o começo do ano. Foi a prova alvo de quase todos os alunos. E também foi minha prova alvo. Treinei bastante, estava bem focada e nas duas semanas antes da prova estava me sentindo bem confiante que eu faria uma boa prova. Fiz bons treinos, fiz a KTR que me deu bastante confiança. Estávamos todos muito animados, pois essa seria a nossa prova.



Parece que toda vez que eu fico confiante alguma m* acontece. Quarta-feira, 4 dias antes da prova, uma gripe me derrubou. Me nocauteou na verdade. De quarta pra quinta passei a noite queimando de febre. Na sexta fui viajar ainda muito ruim, nariz tampado, tosse. E a minha confiança que faria uma boa prova foi pro ralo. Acordei no sábado um pouco melhor, mas não como eu gostaria de estar para largar para minha prova do ano. Pensei muito antes de largar. Optei por largar, e se eu percebesse que não daria conta ou que eu estaria prejudicando muito minha saúde eu abandonaria.



Largamos, eu e a Barbara. Minha aluna do Running Club que estava estreando na distância. Ela parece um tourinho, muito forte e com uma cabeça muito boa para quem tem apenas 22 aninhos. Quando largamos ela disse que iríamos juntas. Treinamos juntas e corremos no mesmo ritmo normalmente. Eu sabia das minhas condições, e não queria atrapalhar a prova dela, então eu disse que quando eu começasse a ficar mais lenta, queria que ela seguisse.



Até o corte eu estava bem, doía pra respirar, mas eu ainda consegui manter um bom ritmo, e fui puxando. Na subida mais pesada, nossa água acabou, e parecia que não chegava nunca o próximo Aid Station. Uma alma amiga que não me lembro o nome nos deu uma garrafa d'água que salvou a nossa vida. Sério, o cara foi um anjo, se por acaso você ler esse texto, nosso muito obrigada.



Chegamos ao ponto de corte com uma hora de folga. Ficamos ali por uns 10 minutos, pois a Barbara precisou fazer um curativo melhor no cotovelo, pois em um tombo no km 5 ela abriu feio. Dali em diante começou um estradão sem fim. Não é minha parte favorita, gosto mais de montanha, de subir e descer. Seguimos e nada do próximo Aid Station chegar (era pra ser no km 31), eu estava com a mochila abastecida, mas alguns alunos relataram que tiveram problemas de desidratação, pois contavam com aquele ponto de água que não existiu. E o próximo ponto de hidratação foi apenas no km 40. A marcação das distâncias nessa altura da prova estavam bem confusas. E confesso que isso deu uma abalada no meu psicológico. O não saber onde estou (meu garmin morreu no km 35 - eu sei preciso de um fenix urgente), começou a me deixar irritada.



Teve um momento em que a Ba começou a sentir muita dor na sola do pé. Eu sempre tenho Advil comigo, dessa vez eu não tinha. E mais uma vez uma alma caridosa ajudou. O querido Humberto nos deu o santo Advil que dá aquela aliviada nas dores que surgem no meio das provas. Mais uma vez muito obrigada.



Do km 40 em diante, a prova tornou-se sofrida. Qualquer subida já começava a me deixar sem fôlego, doía cada vez mais para respirar. E a impressão que eu tinha é que não ia acabar nunca. Passamos pelo último Aid Station e a Staff disse que faltavam apenas 4,5km... doce ilusão. Não sei exatamente quanto faltava, mas parecia que era interminável. A última subida me deu vontade de sentar e chorar.




E vou te dizer que se não fosse pela força da Barbara eu não sei se não teria pedido arrego. Ela com sua alegria e seu bom humor incrível foi me puxando km à km. Aguentou o meu mau humor, que a essa altura já tinha se misturado com a irritação da dor pra respirar e seguimos juntas até o final. Eu insistia pra que ela seguisse pois ela estava bem, mas ela me respondia feliz e contente: "Qual vai ser a graça de cruzar a linha de chegada sozinha?" (Muito amor, gente!!). E assim fomos, eu sofrendo e ela me puxando e cruzamos a linha de chegada de mãos dadas. E eu que nunca choro em chegadas, desabei. Chorei, porque foi sofrido, foi dolorido. Ba, muito obrigada por ser essa pessoa incrível e parabéns pela sua primeira ULTRA. Você sabe realmente qual o espírito da montanha e do endurance. E eu sou muito orgulhosa de ser sua treinadora.



A lição que eu tirei: nunca mais corro gripada. Por mais que seja o principal objetivo, por mais que tenha treinado bastante. Não vale a pena o sofrimento. Pois para mim antes de qualquer coisa, corrida tem que ser por prazer. Quando passa a ser sofrido, perde a essência.



Dois agradecimentos especias. Um para a minha fisioterapeuta Andrea da Fisionoesporte, com dois meses de fisioterapia preventiva, cheguei inteira, sem lesão, Qualquer início de dor foi resolvido. É sofrido, é dolorido, mas vale cada centavo investido. E agradecer minha nutricionista querida, Lívia Hasegawa que em dois meses de dieta, fez com que, mesmo eu com um volume alto de treinamento, ganhasse massa magra. Fiz uma dieta sem muitas restrições e fácil de seguir. Graças a vocês o meu treinamento com toda certeza teve muito mais qualidade.

Parabéns a toda a galera Running Club que deu show mais uma vez. Cada um na sua distância, mandaram muito bem e ainda tiveram energia para curtir o churrasco mais animado e sucesso de Visconde de Mauá. rsrs




Parabéns pra Mari, que nos representou muito bem nos 21km e foi 3ª colocada na categoria 18 à 40 anos. Deu show!!


Parabéns especial para minhas eternas alunas de Prudente, que toparam o desafio e mandaram muito bem na montanha. Orgulho!



Quanto aos erros que tiveram na prova e foi o mimimi eterno da semana. Como todo evento que acontece em sua primeira edição, erros acontecem. E pra quem ta falando que a organização demorou pra se desculpar, não deve ter ido na cerimônia de premiação, pois o Tourinho subiu lá e se desculpou sim pelos erros. Quanto ao polêmico corte dos 80km e dos 50km, tem uma galera reclamando horrores, porém não passaria pelo corte nem que se a distância estivesse marcada à risca. E é claro que não estou generalizando, teve gente que tinha porque e razão pra reclamar. Mas gente, vida que segue, vai adiantar ficar berrando o resto da vida por isso? E mais uma vez: CORRIDA DE MONTANHA NÃO É TREKKING. Ponto.

Endurance Challenge Agulhas Negras - Minha segunda ultramaratona - 54km - 9h43 - Done!!

Never Stop Running!