Eu confesso que fiquei umas duas horas na frente do computador pensando em como começar a escrever este post. Na verdade não sabia por onde começar. Foram tantas mudanças nestes últimos dois meses, tantas coisas boas acontecendo e no meio desse turbilhão eu ainda me inscrevi para este super desafio.
Especificamente treinei apenas dois meses e meio para esta prova. Pouco tempo em relação as outras provas mais longas e importantes que já fiz. Mas já tenho uma certa experiência e um bom lastro de treinamento que tornou possível estar bem para correr a prova.
Minha primeira Ultra-Maratona! É claro que não poderia ser uma prova fácil, com uma altimetria mais amena, e com descidas suaves de correr. Claaaaaaro que não!! Posso até estar errada, se esta não for a prova mais difícil e técnica da América do Sul, está entre as três mais difíceis facilmente. Com seus 2700mts de desnível acumulado, a prova judiava por dois fatores: as duas subidas mais insanas estavam nos primeiros 20km e a segunda descida era terrível, muito técnica, pedras soltas e cotovelos. O resultado destes dois fatores: minou 60% das energias logo de cara. Os joelhos choravam com as descidas. Depois do km 21, entramos em um estradão sem fim, onde íamos 10km e voltávamos 10km quase pelo mesmo caminho. Eu particularmente não gosto de percursos que passam pelo mesmo lugar, meu psicológico abala. E é nessas horas que tem que ter "cabeça" forte. Tirei o Ipod do bolso, e entrei na balada. Corri bem até o km 30, onde era o ponto de corte, passei faltando apenas 15 minutos para fechar o PC (#medo). Depois disso entramos em uma single track bucólica, bem fechada. Levei dois tombos hilários: tentei pular um riozinho e não consegui, e fui com tudo pra água e o outro escorreguei feio em um trecho bem inclinado e quase rolei barranco a baixo (#medo 2). As pernas já não estavam respondendo, do 35k aos 40k o tempo parecia não passar e os kms muito menos. Meu GPS pifou, fiquei só com o cronômetro, então eu não sabia o quanto ainda faltava para chegar ao penúltimo PC, foi uma eternidade. A essa altura o que eu mais queria era chegar, as pernas já não respondiam, já estava irritada com as músicas, e já estava com quase 8 horas de prova. Saindo do penúltimo PC, no km 40, depois de muito tempo correndo sozinha, enfim encontrei duas almas amigas, a Ju e o André que é aluno do Running Club do Rio. Foi a melhor coisa que aconteceu, fomos conversando o que fez com que passasse mais rápido estes últimos kms de prova que já estavam se tornando dolorosos. O que não contávamos é que a prova tinha alguns kms a mais, batia 50km, 51km, 52km, 53km e começou a dar vontade de sentar e chorar. Foram quase 54kms... emocionantes, incríveis, difíceis 54kms. Cruzamos a linha de chegada eu, Ju e André de mãos dadas. Um abraço apertado, sorriso no rosto, lagriminhas nos olhos e mais um desafio completado. Dez horas correndo, caminhando, subindo e descendo. E então você percebe que limites somos nós quem colocamos e que é possível chegar onde quiser, basta ter determinação e disciplina.
Quatro dias após a prova, as pernas ainda doem, e o cansaço ainda domina o corpo, mas ninguém tira do coração essa sensação de "missão cumprida". E o que me deixou mais feliz foi poder dividir tudo isso com meus alunos do Running Club. Estou com eles à quase três meses, pouco tempo, porém tempo suficiente para entender o que cada um buscava. É gratificante ver o esforço e a dedicação de cada um, ver o olhar apreensivo pré-prova e o sorriso estampado após o desafio cumprido. César, Jimi, Valter, Edu, Gustavo, Wladimir, André, Fábio, Natalia, Rafa e Dani vocês têm toda a minha admiração. Parabéns por terem completado mais este desafio. Muito obrigada por confiarem no meu trabalho e no da Samantha como treinadoras e no Running Club. Sempre estaremos em busca do melhor para vocês.
Um agradecimento especial a minha nutricionista Betina que me acompanhou nos últimos 40 dias e em tão pouco tempo conseguiu transformar minha alimentação, e transformar meus hábitos. Me deixou com a saúde em dia, mais forte e com 3kg a menos (tem como não amar?). Um muito obrigada também ao Felipe e à Andrea da FisionoEsporte, que me deixaram inteira quando o volume pesou e as dores surgiram (uma dor na panturrilha me tirou o sossego faltando duas semanas para a prova). Porém, cheguei na prova sem nenhuma dor.
Feliz por mais um desafio cumprido, mais uma viagem incrível, mais amigos e muitas histórias pra contar por um bom tempo. E que venham as próximas!!
#corraisacorra
#neverstoprunning
#thenorthfacerunningclub